Dizem que sabemos que fazemos parte de uma típica família italiana quando, nas reuniões e almoços de domingo, ninguém consegue se ouvir: todo mundo fala junto - preferencialmente alto (gritando!) - e todo mundo se entende. Se identificou? Porque aqui é exatamente assim.

Sempre soube que sou descendente de italianos (e também portugueses, índios e etc...) porque ouço histórias desde pequena sobre parentes distantes. Parentes que nunca conheci, infelizmente, e que trouxeram na bagagem muita história e muita coragem.

A paixão pela cultura italiana começou desde muito cedo, desde receitas caseiras num típico "minha avó fazia assim" até ter todas as mulheres da família reunidas na sala para assistir novelas com enredo italiano. As músicas então, nem se fala... "Il Mondo" toca no repeat toda semana no meu Spotify.

No entanto, nunca ninguém da minha família se interessou pelo fato de ter direito à cidadania italiana. Em conversa com a minha mãe - de onde vem minha descendência -, ela afirmou que esse tópico nunca foi abordado nos almoços de domingo (quem dirá em outros momentos). Ao que parece, nenhum parente meu soube que esse direito fazia parte da sua constituição. O que acaba me trazendo, em fim, à minha saga para o reconhecimento da minha cidadania.

Confesso que, em primeiro momento, meu interesse pela cidadania teve ligação única e exclusiva com as vantagens de viajar pelo mundo de forma muito mais livre, sem tantos impedimentos, necessidade de vistos, etc. Aos 16 anos, tive meu visto para os EUA negado no consulado americano (aquele lugar onde a gente tem que quase pedir pelo amor de Deus para entrar no país), para uma viagem que faria à Disney, com a escola. Entendem o absurdo? Só quem já passou por esse tipo de situação, já se sentiu humilhado e desiludido, sabe o que significa a oportunidade de ter um passaporte que te dá acesso ao mundo, quase sem exceções. 

Mas quando minha pesquisa começou, vi que essa não é a única vantagem que a cidadania italiana me oferece - muito pelo contrário! Estar vivendo a busca pelos documentos e o passado dos meus antenatos despertou em mim uma paixão pelas minhas raízes que nem eu mesma sabia que existia. A possibilidade de poder viver no lugar de onde saíram meu trisavô e minha trisavó é tão encantadora que, por muitas vezes, acaba parecendo um sonho.

Obviamente, o cenário atual do nosso querido Brasil impulsiona a vontade de querer buscar outros ares, novos lugares e novas experiências. Não divulgo e nem incetivo o ódio pelo nosso país, de forma alguma, pois tenho plena consciência dos seus atributos e qualidades. Não sei nem se me adaptaria à uma vida lá fora, onde tudo é novo e desconhecido. Mas a possibilidade... ali, viva, ao alcance das mãos, voando baixo. Essa eu sinto e sei que não posso perder. 

Este blog foi criado com o intuito de contar para vocês como vai ser o meu caminho nessa longa estrada. Espero contar com a companhia de leitores que, assim como eu, reconhecem em nossas raízes a oportunidade de uma vida melhor. E, também, ajudar aqueles que eu puder, com o pouco que sei.

Bem vindos e até mais.

Arrivederci!

Danielle

Imagem: https://www.dicasdaitalia.com.br/2015/10/pontos-turisticos-de-roma.html#

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